O escritor nigeriano Chinua
Achebe, faleceu no passado 21 Março de 2013, em Massachusetts, Boston, EUA, com
82 dois anos de idade, depois de uma curta doença.
Albert
Chinualumogu Achebe – seu nome completo – nasceu em Ogidi, sudeste da Nigéria,
em Novembro de 1930; pertencia à etnia Igbo.
Achebe
notabilizou-se internacionalmente no final da década de 50 do século passado,
com “Things Fall Apart”
(Quando Tudo se Desmorona). Um romance que vendeu acima de 8 milhões de cópias
e foi traduzido em mais de 50 línguas, tornando-o no escritor africano mais
traduzido de sempre. Outros livros de sucesso do nigeriano incluem “No Longer
at Ease”, “Arrow of God” (A Flecha de Deus), “A Man of the People” (Um Homem
Popular) e “Anthills of Savannah”.
Em 2007 recebeu o prémio Man
Booker internacional, dos de maior prestígio da língua inglesa. Além de
romancista, é contista, poeta, ensaísta e crítico. Foi professor
universitário.
Em 1990, Chinua caminhava de
automóvel pelas estradas de Lagos com o seu filho Ikechukwu e motorista ao
volante. Sofreram um acidente de viação. A coluna vertebral do escritor sofreu
danos irreversíveis. Ficou paralítico da cintura para baixo, passando o resto
dos seus dias numa cadeira de rodas.
O meu primeiro contacto com a
escrita de Chinua Achebe aconteceu no início da década de 80, em minha
adolescência. Li o seu “Um Homem Popular”, edição do INALD, comprado na
(então?) tabacaria Tem-Tudo, no Kinaxixi. O livro causou em mim tal impressão,
que não só reli como adquiri outros exemplares que fui oferecendo e guardando
na minha pequena estante, respectivamente. Ainda hoje cuido com carinho o
exemplar envelhecido que tem sobrevivido ao tempo, poeiras e mudanças.
Em “Um Homem Popular”, Achebe
impressionou-me pela fluência e habilidade narrativa, tom crítico e
profundidade temática. Narra a estória do Sr. Nanga, um político nigeriano,
popular, polígamo e corrupto. Na verdade o escritor aborda não só a sociedade
nigeriana, mas qualquer outra africana – e não só –, em uma crítica que se
mantém actual e necessária. Depois li “A Flecha de Deus”.
“Um Homem Popular” de Chinua
Achebe faz parte, indubitavelmente, dos livros que maior impacto provocaram em
mim. Ou seja, é do melhor que já li em termos de literatura!
Uma leitura que recomendo aos
adolescentes, jovens, intelectuais e políticos do meu país (por onde andas
INALD, mais as publicações dos escritores africanos?). Uma leitura de reflexão
que seguramente ajudar-nos-á a rever comportamentos política e socialmente
nocivos.
Ainda que um pouco tardiamente
não podia deixar de debitar palavras de agradecimento a este gigante da
literatura africana: MUITO OBRIGADO CHINUA ACHEBE. DESCANSE EM PAZ!
Décio Bettencourt Mateus.
Porto, 03 de Abril de 2013.